Trauma na Infância Leva à Adicção: Causas e Tratamento

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

Vamos explorar como o trauma na infância pode levar à adicção, o papel da terapia Brainspotting e EMDR no tratamento desses traumas, e como as abordagens online podem ser eficazes tanto para o tratamento de traumas quanto para adicção.

O Ambiente Desolador Criado por Pais Psicopatas

Qual é a Definição de Adicção?

A definição oficial de adicção, segundo a American Society of Addiction Medicine, sugere que a adicção tem uma causa genética. Contudo, a ideia popular e preconceituosa de muitas pessoas, de que a adicção é uma escolha pessoal está equivocada.

O vício, ou também conhecido como adicção, é um processo fisiológico complexo que pode se manifestar em qualquer comportamento que uma pessoa busca como alívio a curto prazo, mas que resulta em consequências negativas a longo prazo. A adicção não se limita apenas ao uso de substâncias como álcool, nicotina, maconha e cocaína, mas também inclui comportamentos sobre sexo, jogos de azar, compras compulsivas, distúrbios alimentares, trabalhar em excesso, esportes arriscados com alta carga de adrenalina, pornografia, vício em redes sociais e internet.

Atualmente, a diferença entre vício e adicção pode ser sutil e muitas vezes os termos são usados de forma intercambiável. No entanto, existem nuances importantes a serem consideradas.

Trauma na Infância Leva à Adicção: Causas e Tratamento
Trauma na Infância Leva à Adicção: Causas e Tratamento

Vício

Primeiramente, o termo “vício” é frequentemente usado no cotidiano para descrever uma dependência física ou psicológica a uma substância ou comportamento específico. É uma palavra comum que pode ser aplicada a vários contextos, como:

  • Substâncias: Álcool, drogas ilícitas, tabaco.
  • Comportamentos: Jogos de azar, compras compulsivas, comida, uso de internet.

Além disso, o vício tende a enfatizar a perda de controle e a compulsão em relação ao uso da substância ou ao comportamento. Esse termo também destaca os danos que essa dependência causa à vida da pessoa.

Adicção

Por outro lado, “adicção” é um termo mais técnico e específico, frequentemente usado em contextos médicos e psicológicos. Ele refere-se a uma condição crônica e recorrente caracterizada por:

  • Desejo intenso de usar uma substância ou praticar um comportamento.
  • Dificuldade em controlar o uso ou a prática, apesar das consequências negativas.
  • Sintomas de abstinência quando a substância ou comportamento é interrompido.

Ademais, a adicção envolve mudanças neurológicas e comportamentais complexas e é reconhecida como uma doença crônica que afeta o cérebro e o comportamento. Ela pode ser desencadeada por fatores genéticos, ambientais e psicossociais.

Resumo das Diferenças entre Vício e Adicção

  • Uso: “Vício” é mais comum no uso coloquial, enquanto “adicção” é mais técnico e usado em contextos médicos.
  • Ênfase: O vício destaca a compulsão e os efeitos negativos imediatos, enquanto a adicção foca na condição crônica e nos aspectos neurológicos e comportamentais da dependência.
  • Escopo: A adicção é vista como uma doença complexa com múltiplas causas e fatores. Enquanto o vício pode ser entendido de maneira mais simplificada e ampla.

Ambos os termos descrevem situações onde há uma dependência problemática. Mas a adicção é frequentemente abordada com mais profundidade no tratamento médico e psicológico.

A Influência do Trauma Infantil no Desenvolvimento da Adicção

O trauma infantil pode manifestar-se de várias formas, incluindo abuso físico, emocional ou sexual, negligência, ou perda de um cuidador significativo. Esses eventos podem prejudicar o desenvolvimento emocional e psicológico da criança, levando a dificuldades na regulação emocional e no estabelecimento de relacionamentos saudáveis. Como resultado, essas crianças podem desenvolver estratégias de enfrentamento inadequadas, como o uso de substâncias, para lidar com o estresse e a dor emocional.

Necessidades Fundamentais do Ser Humano na Infância

Para entendermos melhor a questão da adicção, antes precisamos entender antes as necessidades fundamentais do ser humano. O ser humano tem duas necessidades fundamentais além, obviamente, das necessidades físicas durante a infância: apego e autenticidade. Essas necessidades são cruciais para a sobrevivência.

Apego

A necessidade de apego refere-se à proximidade com outro ser humano para ser cuidado. Como mamíferos, somos criaturas apegadas. Precisamos nos conectar e nos apegar aos outros para sobreviver. As endorfinas facilitam o apego. Bebês mamíferos que não possuem receptores de endorfina no cérebro não choram quando precisam de ajuda, resultando em uma menor chance de sobrevivência. O apego, portanto, não é uma necessidade negociável. É uma necessidade imprescindível para sobrevivermos.

Autenticidade

A autenticidade envolve estar conectado consigo mesmo, saber o que sentimos e ser capaz de agir de acordo com esses sentimentos. A capacidade de usar nossos sentimentos é essencial para a sobrevivência. Contudo, quando nossa autenticidade ameaça nossos relacionamentos de apego, isso pode resultar em conflitos internos.

Um exemplo da Problemática entre Apego e Autenticidade na Infância

Por exemplo, imagine uma criança de 2 anos que fica com raiva porque quer comer doce antes do jantar e os pais não deixam. Seus pais, que já cresceram em um ambiente cheio de raiva e muitas vezes om violência, não sabem lidar com a raiva. Eles têm horror a expressões de raiva.

Como resultado, eles passam a mensagem para a criança de que: crianças “boazinhas” não podem expressar raiva. A criança interpreta isso como: se expressar raiva, não será amada pelos seus pais. Em outras palavras, acredita que crianças raivosas não são amadas.

Agora com pais irritados e aborrecidos, não olham direito para a criança e respondem de forma grosseira, fazendo com que a criança se sinta não amada. Mesmo que apenas nesse momento.

No entanto, a criança precisa do apego. Então, adivinhe o que ela faz? Ela suprime sua autenticidade.

Este é um exemplo que, dessa forma, perdemos nossa autenticidade. Ou seja, a conexão consigo mesmo e a nossa intuição. Em outras palavras, ser autêntico se torna uma ameaça para o apego. Suprimimos a autenticidade toda vez que enfrentamos problemas de apego.

Até que ao longo da vida, consequentemente, desistimos da autenticidade. E começamos a nos perguntar: quem sou eu realmente? Que vida estou vivendo? Nada faz sentido.

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

É nesse ponto que o processo de cura começa

Ele começa com a reconexão consigo mesmo, uma reconexão necessária devido a esse trágico conflito na infância entre autenticidade e apego.

Isso nos leva à questão do trauma. Reconhecer que ele se origina na dor da infância é uma coisa. No entanto, transformar essa dor é outra. Para entender como transformar, precisamos primeiro compreender o que é trauma.

O que é Trauma?

Normalmente, pensa-se que trauma é o que acontece: um divórcio quando você é pequeno e seus pais brigam, a depressão da sua mãe, o alcoolismo do seu pai, um acidente, abuso físico ou abuso sexual. Contudo, isso não é o trauma em si; isso é o que chamamos de eventos traumáticos.

O trauma, de fato, não é o que aconteceu com você, mas o que acontece ainda dentro de você, como resultado desses eventos traumáticos.

Quando ocorre um trauma, você se desconecta das suas emoções e do seu corpo, tem dificuldade de estar presente no momento e desenvolve uma visão negativa sobre si mesmo e do mundo ao seu redor. Isso faz com que você se comporte de forma defensiva com outras pessoas, e essas perspectivas continuam a acontecer repetidamente na sua vida.

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

Adicção como forma de Resolver os Traumas

A adicção não é o problema principal; é uma tentativa de resolver o problema. Ou seja, a verdadeira questão é: como o problema se originou? Entenda que a adicção é uma tentativa de lidar com os efeitos de uma infância traumática. Sendo assim, proporciona uma solução temporária, mas acaba criando mais problemas e maiores, como de saúde, financeiros, etc; a longo prazo.

Sobre o Tratamento e Traumas: O que realmente interessa não é entender o que aconteceu há 10, 15, 20, 25, 30 ou 35 anos

O importante é diagnosticar essas manifestações atualmente e superá-las. O processo para fazer isso envolve reconectar-se consigo mesmo, restaurando a conexão com o seu próprio corpo e com as emoções que você perdeu. Quando você atinge esse ponto, podemos chamar isso de recuperação.

Recuperar algo significa encontrar novamente. Ou seja, quando as pessoas se recuperam, encontram a si mesmas de maneira íntegra, curada e aliviada. Esse é essencialmente o verdadeiro propósito de tratar traumas: o encontro consigo mesmo na sua melhor forma.

O mesmo princípio se aplica ao tratamento da adicção, tratamentos psicológicos ou tratamentos médicos. Trata-se de uma reconexão.

Tratamento para os Problemas de Adicção

Para aqueles que hoje enfrentam problemas de adicção, saibam que vocês não estão sozinhos. O caminho da recuperação começa com a restauração da conexão consigo mesmo e com o seu eu verdadeiro.

Como o Brainspotting Pode Ajudar no Tratamento de Traumas Infantis

A terapia brainspotting é uma abordagem inovadora que se concentra na identificação e processamento de traumas emocionais e psicológicos. Utilizando a localização de pontos específicos no campo visual do paciente, o brainspotting permite acessar e liberar emoções profundas e não resolvidas que estão associadas a traumas. Essa técnica é particularmente eficaz no tratamento de traumas infantis, pois permite que o indivíduo reprocessa experiências passadas e promove uma cura emocional profunda.

Durante as sessões de brainspotting, o terapeuta ajuda o paciente a identificar e focalizar pontos específicos que correspondem às memórias traumáticas. Isso facilita a liberação de emoções reprimidas e promove a integração dos eventos traumáticos, o que pode reduzir a necessidade de comportamentos aditivos como forma de lidar com a dor emocional. O brainspotting pode ser uma ferramenta poderosa para restaurar a saúde emocional e promover o desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento mais saudáveis.

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

O Tratamento de Traumas e Adicção: Uma Abordagem Integrada

O tratamento de traumas e adicção muitas vezes exige uma abordagem integrada, que combina técnicas terapêuticas para abordar tanto a raiz do trauma quanto os comportamentos aditivos resultantes. O uso de terapia cognitivo-comportamental (TCC) em conjunto com técnicas como o brainspotting pode ser altamente eficaz. A TCC pode ajudar os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos prejudiciais, enquanto o brainspotting oferece uma abordagem mais profunda para o processamento emocional.

Além disso, a terapia EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) também pode ser utilizada para tratar traumas, ajudando os pacientes a processar experiências traumáticas e reduzir os sintomas de adicção associados. A combinação dessas abordagens pode proporcionar um tratamento abrangente e eficaz para aqueles que lutam com os efeitos duradouros do trauma infantil e adicção.

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

Efetividade das Consultas com Psicólogo Online

Com o avanço da tecnologia e a crescente disponibilidade de plataformas digitais, o tratamento online para traumas e adicção tem se tornado uma opção viável e eficaz. A terapia online oferece flexibilidade e acessibilidade, permitindo que os pacientes recebam suporte contínuo sem a necessidade de deslocamento físico.

O tratamento de traumas e adicção pode ser realizado de maneira eficaz em um ambiente virtual, utilizando técnicas como brainspotting, TCC e EMDR. A terapia online pode ser especialmente útil para indivíduos com limitações de mobilidade, horários apertados, ou que vivem em áreas remotas. As plataformas digitais permitem uma comunicação constante e o acesso a recursos terapêuticos, promovendo a continuidade do tratamento e a manutenção dos avanços alcançados.

A relação entre trauma na infância e adicção é complexa e multifacetada. Estudos mostram que experiências adversas na infância podem ter um impacto profundo na saúde mental e no comportamento ao longo da vida. O trauma infantil, frequentemente associado as questões de apego e autenticidade, pode ser um fator significativo na predisposição para comportamentos aditivos na vida adulta.

Rumo a uma Vida Livre de Adicções

Por fim, a compreensão da conexão entre trauma infantil e adicção é crucial para o desenvolvimento de estratégias de tratamento eficazes. Sendo assim, o uso de terapias inovadoras como o brainspotting, combinado com uma abordagem integrada e acessível por meio de tratamentos online, pode proporcionar uma nova esperança para aqueles que lutam contra as consequências do trauma. Dessa forma, ao abordar tanto as causas profundas do trauma quanto os comportamentos aditivos resultantes, é possível promover uma recuperação mais completa e duradoura.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Avaliação Psicológica, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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Este post foi originado com base nas teorias de Gabor Maté, médico canadense de origem húngara. Ele tem um histórico em prática familiar e um interesse especial no desenvolvimento infantil e no trauma, além de seus impactos potenciais ao longo da vida na saúde física e mental. Esses impactos incluem doenças autoimunes, câncer, TDAH, adicções e uma ampla gama de outras condições.

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