TDAH e o Perigo do Autodiagnóstico

TDAH e o Perigo do Autodiagnóstico

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição amplamente reconhecida pela OMS e que afeta milhares de pessoas ao redor do mundo. Essa condição envolve sintomas persistentes de desatenção, impulsividade e hiperatividade que podem prejudicar a vida social, acadêmica e profissional de quem a enfrenta. Embora as causas exatas do TDAH ainda sejam desconhecidas, sabe-se que fatores biológicos, genéticos e ambientais desempenham um papel importante em seu desenvolvimento.

Estima-se que entre 3% e 7% das crianças são diagnosticadas com TDAH, e em cerca de 60% a 70% dos casos, os sintomas persistem até a vida adulta. A continuidade desses sintomas pode se traduzir em instabilidade emocional. Bem como, dificuldades organizacionais e impulsividade, desafios que interferem diretamente no ambiente de trabalho, nas relações pessoais e na qualidade de vida em geral. Contudo, à medida que o conhecimento sobre o TDAH se torna mais difundido, há uma crescente tendência de autodiagnóstico. Ou seja, especialmente entre adultos, o que traz riscos sérios. Mas quais são esses riscos e por que o autodiagnóstico do TDAH é algo a ser evitado?

Por Que o Autodiagnóstico do TDAH é Perigoso?

Primeiramente, o autodiagnóstico é problemático porque o TDAH é uma condição complexa, e seus sintomas são compartilhados com outras questões de saúde mental. Pessoas com transtornos de ansiedade, depressão, transtornos de personalidade ou até mesmo com dificuldades de sono podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Como a desatenção e a impulsividade. Assim, diagnosticar-se apenas com base em descrições gerais pode resultar em confusão e interpretações equivocadas. Dessa forma, afastando o indivíduo do tratamento adequado para o verdadeiro problema que enfrenta.

Outro ponto de atenção é a grande quantidade de informações disponíveis na internet e redes sociais. Com o aumento do interesse pelo TDAH, muitos conteúdos simplificam o transtorno, sugerindo que dificuldades comuns, como distração ou impulsividade, são sinais inequívocos de TDAH. Esse tipo de abordagem pode levar pessoas a identificarem-se com o transtorno de maneira superficial e a acreditarem que sofrem de TDAH sem considerar outros fatores. A consulta com um profissional capacitado, como um psiquiatra ou psicólogo, é essencial para realizar uma análise criteriosa. E dessa forma, excluir outras possibilidades antes de confirmar um diagnóstico de TDAH.

Quais são os Riscos do Autodiagnóstico de TDAH?

A princípio, o maior risco do autodiagnóstico é o tratamento inadequado ou a ausência de tratamento. Sem o apoio profissional, o indivíduo pode tentar lidar com os sintomas por conta própria, frequentemente recorrendo a métodos que podem ser ineficazes ou até prejudiciais. Por exemplo, há casos em que pessoas buscam automedicar-se, usando substâncias que julgam ser eficazes para melhorar o foco ou a concentração, sem saber dos efeitos colaterais e sem orientação adequada.

Além disso, o autodiagnóstico pode levar a rótulos incorretos e preconceitos, tanto para a própria pessoa quanto para aqueles ao seu redor. Uma vez que alguém se identifica como tendo TDAH sem um diagnóstico formal, pode haver uma tendência a atribuir todas as suas dificuldades ou comportamentos ao transtorno. Esse rótulo inadequado pode afetar a autoestima e contribuir para o desenvolvimento de uma autoimagem negativa. Em ambientes sociais e profissionais, o autodiagnóstico também pode gerar mal-entendidos, fazendo com que outros percebam a pessoa de maneira equivocada.

Como é Realizado o Diagnóstico Profissional do TDAH?

Para que o diagnóstico de TDAH seja realizado corretamente, é fundamental que ele seja conduzido por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou um psicólogo com especialização em transtornos neuropsiquiátricos. O processo diagnóstico é complexo e envolve entrevistas clínicas, questionários padronizados e, frequentemente, informações complementares de familiares ou de pessoas próximas. O objetivo é avaliar de forma abrangente o histórico de sintomas, as circunstâncias em que eles ocorrem e seu impacto na vida do indivíduo.

Além disso, é importante que o diagnóstico leve em consideração a possibilidade de condições comórbidas. Muitas pessoas com TDAH também apresentam outros transtornos, como depressão, ansiedade ou distúrbios de aprendizagem. Portanto, o diagnóstico profissional visa identificar todos os aspectos da saúde mental do paciente, garantindo que ele receba um tratamento adequado para sua condição específica e para qualquer outra questão associada.

Quais São os Tratamentos para o TDAH?

O tratamento para o TDAH é geralmente multimodal, ou seja, abrange várias abordagens para obter resultados mais efetivos. Primeiramente, a psicoeducação desempenha um papel fundamental. Ou seja, ajudando o paciente e sua família a entenderem o transtorno e a reconhecerem as melhores estratégias para lidar com ele. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é outra abordagem frequentemente recomendada, pois auxilia na reorganização dos pensamentos e comportamentos. Como resultado, favorecendo o controle da impulsividade e o desenvolvimento de habilidades organizacionais.

Em alguns casos, a medicação pode ser indicada, especialmente quando os sintomas do TDAH interferem de maneira intensa no cotidiano. Medicações como estimulantes são prescritas de acordo com a avaliação médica. Portanto, sua administração é rigorosamente monitorada para garantir que o paciente obtenha os melhores resultados com o mínimo de efeitos colaterais. É importante frisar que o uso de medicação sem orientação médica é arriscado e pode trazer consequências graves para a saúde mental e física.

Como Evitar o Autodiagnóstico e Buscar Ajuda Adequada?

Caso você ou alguém que conheça apresente sinais que possam estar associados ao TDAH, é essencial resistir à tentação de realizar um autodiagnóstico. As dúvidas e curiosidades sobre o transtorno são naturais, e buscar informações sobre saúde mental é um passo positivo. Entretanto, apenas um profissional de saúde mental pode conduzir uma avaliação completa e determinar o diagnóstico correto.

É possível iniciar esse processo conversando com um psicólogo ou um psiquiatra, que conduzirá as etapas iniciais de investigação e, se necessário, orientará a realização de testes específicos. Além disso, a busca por informações de fontes confiáveis, como publicações científicas e orientações de instituições especializadas, pode ajudar a esclarecer as dúvidas de forma mais precisa.

TDAH x TEPT: Qual a Diferença entre os Sintomas?

Embora o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) apresentem alguns sintomas que podem parecer semelhantes à primeira vista, eles são condições distintas, com causas e abordagens de tratamento diferentes. No entanto, a confusão entre eles pode ocorrer, especialmente quando sintomas como desatenção, impulsividade e problemas de regulação emocional estão presentes. Compreender as características de cada um é fundamental para evitar diagnósticos incorretos e garantir que o tratamento seja o mais adequado possível.

Características do TDAH

O TDAH é caracterizado principalmente por dificuldades na atenção, controle de impulsos e hiperatividade. Esses sintomas costumam aparecer na infância e podem persistir até a vida adulta, impactando áreas como desempenho acadêmico, vida profissional e relações pessoais. A origem do TDAH é complexa e envolve fatores genéticos e biológicos, como diferenças na estrutura cerebral e nos níveis de neurotransmissores responsáveis pela atenção e o autocontrole.

Os principais sintomas do TDAH incluem:

  • Desatenção: dificuldade em manter o foco em atividades, distração frequente e esquecimento de tarefas.
  • Impulsividade: tomar decisões sem pensar nas consequências, interromper conversas e apresentar comportamentos arriscados.
  • Hiperatividade: inquietude constante, como a necessidade de se mover e dificuldade em realizar atividades de forma tranquila.

Esses sintomas fazem com que o indivíduo tenha dificuldades em atividades que exijam concentração e organização. No entanto, vale destacar que o TDAH não é desencadeado por um evento específico ou traumático, o que o diferencia do TEPT.

Características do TEPT

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático, ou TEPT, é uma condição que se desenvolve após a vivência ou testemunho de um evento traumático intenso, como acidentes graves, violência, abusos ou desastres naturais. O TEPT pode surgir como uma resposta ao trauma, levando o indivíduo a reviver o evento de maneira recorrente e a desenvolver sintomas emocionais e físicos que impactam severamente sua qualidade de vida.

Os principais sintomas do TEPT incluem:

  • Revivescência do trauma: lembranças invasivas, flashbacks e pesadelos relacionados ao evento traumático.
  • Evitação: evitar lugares, atividades ou até mesmo pessoas que lembrem o trauma, buscando “escapar” da memória dolorosa.
  • Hipervigilância: estado de alerta constante, dificuldade para relaxar, ansiedade e irritabilidade excessiva.
  • Alterações emocionais: sentimentos de culpa, vergonha, medo persistente e até sintomas depressivos.

Diferente do TDAH, os sintomas do TEPT geralmente têm um início após o evento traumático e estão diretamente ligados à experiência emocional extrema vivida pelo indivíduo.

Por que é Importante Diferenciar TDAH e TEPT?

A distinção entre TDAH e TEPT é fundamental porque cada um desses transtornos exige uma abordagem de tratamento específica. O TDAH, como discutido anteriormente, pode ser tratado com terapias cognitivas e, em alguns casos, medicação estimulante, com foco em melhorar a atenção e o controle dos impulsos. Já o TEPT é comumente tratado com terapias focadas no trauma, como a Terapia de Exposição Prolongada e a Terapia de Processamento Cognitivo, que ajudam o indivíduo a processar e lidar com as memórias traumáticas de forma saudável.

Dessa forma, o diagnóstico correto é essencial para que o indivíduo receba o apoio adequado e tenha uma recuperação mais eficiente. Mesmo que os sintomas possam parecer similares em alguns aspectos, o conhecimento da origem e das características específicas de cada transtorno permite uma avaliação e um tratamento direcionados, promovendo um avanço mais seguro e eficaz na saúde mental do paciente.

O Caminho para uma Vida com Qualidade e Consciente

Para aqueles que realmente convivem com o TDAH, um diagnóstico correto e um tratamento adequado fazem toda a diferença na qualidade de vida. O apoio de profissionais, a combinação de estratégias terapêuticas e o suporte familiar contribuem significativamente para que o indivíduo possa enfrentar os desafios do TDAH de maneira construtiva e produtiva.

O autodiagnóstico pode parecer uma solução rápida para esclarecer dúvidas sobre comportamentos ou dificuldades pessoais, mas, na realidade, ele apresenta mais riscos do que benefícios. Para aqueles que suspeitam que possam ter TDAH, buscar orientação profissional é o melhor caminho para garantir um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, promovendo uma vida com mais equilíbrio, autoconhecimento e bem-estar.

Procure sempre ajuda especializada

Em conclusão, o TDAH é uma condição que exige cuidado e um diagnóstico criterioso, realizado exclusivamente por profissionais capacitados. O autodiagnóstico pode levar a consequências prejudiciais, desde tratamentos ineficazes até a criação de rótulos incorretos que interferem na percepção que a pessoa tem de si mesma e na relação com o mundo ao seu redor. Por isso, ao enfrentar os desafios que possam sugerir TDAH, procure sempre ajuda especializada para um acompanhamento responsável e direcionado.

Assim, um diagnóstico adequado e um tratamento bem conduzido são os melhores aliados para uma vida saudável e plena, longe dos equívocos e perigos do autodiagnóstico.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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