Será que preciso de homem se meu pai não fez esse papel?

Será que preciso de homem se meu pai não fez esse papel?

Você já se perguntou sobre a real necessidade de um homem em sua vida, especialmente se cresceu sem um pai presente de maneira ativa? Este é um questionamento que muitas mulheres enfrentam ao longo da vida, principalmente quando o papel paterno é ausente ou negligente. Embora a presença física de um pai nem sempre seja sinônimo de envolvimento emocional, sua ausência ativa pode gerar reflexões profundas sobre o papel do homem nas relações.

No meu caso, consigo entender que meu pai fez o melhor que pôde dentro das limitações que tinha. Ele optou por não se envolver diretamente, uma escolha que já aprendi a aceitar. No entanto, essa ausência ativa me leva a questionar algo crucial: qual é, afinal, o verdadeiro papel do homem nas relações? Se for honesta comigo mesma, admito que essa é uma questão que me confunde profundamente.

A ausência paterna impacta a visão do papel masculino?

A falta de uma presença mais significativa do meu pai certamente influenciou a maneira como enxergo o papel dos homens. Desde cedo, comecei a questionar se, além da função biológica da reprodução, o homem é realmente indispensável em outros aspectos da vida. Esta visão pode soar radical, mas é fruto das minhas experiências e reflexões. Quando nos permitimos examinar ideias que normalmente reprimimos, encontramos novas formas de lidar com antigas dores.

A figura masculina, seja ela presente ou ausente, molda de maneiras sutis e profundas a forma como vemos não apenas os homens, mas também a nós mesmas e nossas expectativas em relação a eles. Cresci cercada de mulheres fortes, o que reforçou em mim a crença de que as mulheres podem, e devem, liderar com empatia e inteligência emocional. Mas isso significa que o homem deixou de ser necessário nas nossas vidas?

Será que preciso de homem? Para que serve o homem nas relações?

Tenho que admitir que, às vezes, me sinto incomodada com atos “cavalheirescos”, como abrir a porta do carro ou pagar a conta no restaurante. Esse tipo de atitude faz com que eu questione o papel do homem no contexto atual. Ainda mais frustrante é quando um homem tenta me ensinar algo que já sei, como se estivesse me oferecendo uma ajuda que nunca pedi.

Crescer sem um modelo masculino ativo me fez desbravar meus próprios caminhos, me tornando uma mulher independente e autossuficiente. Então, fico me perguntando: qual é, de fato, o papel do homem em um mundo onde as mulheres conseguem fazer tudo sozinhas? Será que ele é realmente necessário, ou estamos apenas seguindo padrões antigos e desatualizados?

A figura paterna ausente afeta a percepção de gênero?

Se meu pai tivesse sido mais presente, será que eu ainda teria essa visão crítica e questionadora sobre o papel masculino? Provavelmente, a ausência dele contribuiu para que eu desenvolvesse uma forte convicção sobre a capacidade das mulheres, mas também me deixou com lacunas sobre o que esperar de um homem. Sem esse referencial paterno, pode ser difícil entender com clareza qual é o papel que o homem deveria ocupar em uma relação, seja ela afetiva, emocional ou prática.

Essa ausência de uma figura masculina envolvida pode, muitas vezes, criar uma resistência em aceitar que o homem tenha algum papel essencial. No entanto, à medida que amadureço e vou curando essas feridas, percebo que o homem pode, sim, ocupar um espaço importante. Mas esse espaço não precisa ser sobre dependência. Ele pode ser sobre parceria, sobre caminhar lado a lado, construindo juntos algo maior.

Será que o papel do homem é realmente descartável?

Ainda que minha experiência pessoal me leve a questionar a importância do homem em certos aspectos da vida, também reconheço que essa visão pode ser limitada pela minha própria história. Cada pessoa carrega suas cicatrizes emocionais, e a ausência do meu pai criou um filtro através do qual eu interpreto o papel masculino.

Contudo, ao refletir com mais profundidade, começo a aceitar que o homem tem, sim, um papel a desempenhar. Não como uma figura de autoridade ou de provedor, mas como um parceiro de verdade, alguém que caminha ao nosso lado, dividindo responsabilidades e desafios. Talvez a verdadeira cura para essa ferida esteja em compreender que, assim como as mulheres, os homens também têm suas vulnerabilidades e complexidades.

E se meu pai tivesse sido mais presente?

A grande pergunta que me ronda é: será que eu ainda teria essas dúvidas sobre o papel do homem se meu pai tivesse sido mais presente? Será que minha dificuldade em aceitar o papel masculino nas relações seria a mesma? Pode ser que sim, pode ser que não. O fato é que, por causa da ausência dele, cresci com a certeza de que as mulheres podem ocupar qualquer posição que desejarem. Isso, no entanto, não significa que o homem não tenha espaço.

O que fica claro para mim é que o papel do homem nas relações não precisa ser sobre domínio ou controle. Ele pode ser sobre complementaridade, parceria e apoio mútuo. Quando homens e mulheres conseguem equilibrar essas dinâmicas de forma saudável, a relação se fortalece e se torna uma verdadeira força. Afinal, as relações não devem ser sobre quem é mais ou menos necessário, mas sobre como ambos podem crescer juntos, respeitando as individualidades e construindo uma parceria sólida.

O que a neuropsicologia nos diz sobre a ausência paterna?

A neuropsicologia nos ajuda a entender como a ausência de uma figura paterna ou de um homem presente pode impactar o desenvolvimento cerebral e emocional de uma pessoa, especialmente durante a infância e adolescência. Estudos mostram que a falta de uma presença masculina ativa pode influenciar o desenvolvimento de áreas do cérebro ligadas à regulação emocional e à capacidade de formar vínculos saudáveis.

A ausência de uma figura paterna pode gerar sentimentos de insegurança e dificuldades em estabelecer relacionamentos afetivos no futuro. No entanto, o cérebro é extremamente adaptável, e com as intervenções adequadas, como terapia e apoio emocional, é possível reconfigurar essas redes neurais para promover um desenvolvimento emocional mais saudável.

Como a terapia ajuda a desmistificar o papel do homem nas relações?

A terapia, especialmente em abordagens como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajuda a questionar e ressignificar os papéis que atribuímos ao homem nas relações. Muitas vezes, nossas crenças sobre o papel masculino são formadas com base em modelos culturais. Bem como, modelos sociais e familiares, que podem não estar alinhados com as necessidades e expectativas individuais.

Através da terapia, é possível desconstruir esses estereótipos, identificar padrões de pensamento que levam a relacionamentos desequilibrados e, principalmente, entender que o papel do homem nas relações não precisa ser de controle ou autoridade, mas sim de parceria e cooperação.

Como a terapia com EMDR e Brainspotting ajuda a resolver traumas relacionados à falta de presença masculina?

A terapia com EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) e Brainspotting são técnicas avançadas que ajudam a processar traumas profundamente enraizados. Incluindo aqueles relacionados à ausência paterna ou de uma figura masculina. Essas abordagens trabalham diretamente com o sistema límbico do cérebro. Ou seja, onde memórias traumáticas são armazenadas. Com o EMDR, por exemplo, o paciente é guiado a acessar e ressignificar memórias dolorosas.

Sendo assim, através de movimentos oculares, permite que o trauma seja processado de maneira menos intensa. Já o Brainspotting ajuda a localizar e liberar bloqueios emocionais profundos. Ambas as técnicas são fundamentais em ajudar a curar traumas relacionados à falta de presença masculina. Dessa forma, permitindo que a pessoa reconstrua uma relação saudável consigo mesma e com os outros.

Qual o impacto da ausência masculina nas escolhas amorosas?

Outro ponto interessante que vale destacar é o impacto que a ausência masculina pode ter nas escolhas afetivas e amorosas. Estudos psicológicos indicam que a falta de uma figura masculina ativa na vida de uma mulher pode influenciar seus relacionamentos futuros, fazendo com que ela busque, inconscientemente, compensações emocionais em seus parceiros.

Muitas vezes, isso resulta em padrões de relacionamentos desequilibrados, onde a busca por validação ou proteção pode se sobrepor à verdadeira conexão emocional. Ao trabalhar esses temas em terapia, é possível tomar consciência desses padrões e transformá-los, escolhendo relações mais saudáveis e equilibradas.

A importância do autoconhecimento e da autorresponsabilidade nas relações

Para além da figura masculina, uma reflexão importante é a questão do autoconhecimento e da autorresponsabilidade dentro das relações. Entender as próprias necessidades, desejos e feridas emocionais é fundamental para construir vínculos afetivos saudáveis. Quando uma pessoa assume responsabilidade pelo seu próprio crescimento emocional, ela se torna menos dependente de uma figura externa para preencher lacunas emocionais. Sejam essas lacunas criadas pela ausência de um pai ou de um parceiro amoroso.

Isso não elimina a importância de um parceiro, mas promove uma relação baseada em igualdade, onde ambos os lados contribuem para o crescimento mútuo.

Será que preciso de homem?

Essa é uma pergunta que muitas mulheres fazem em algum momento da vida: é necessário ter um homem ao lado para alcançar a felicidade? A resposta, claro, depende da perspectiva e das experiências de cada pessoa.

No entanto, a felicidade é um estado que não pode ser atrelado exclusivamente a outra pessoa. Ou seja, felicidade é uma construção interna, que começa pelo autoconhecimento, pela aceitação das próprias vulnerabilidades e pelo cultivo de relações saudáveis — com ou sem a presença de um homem.

A cultura nos ensina a acreditar que a felicidade plena depende do “encontro com a pessoa certa”. No entanto, a realidade mostra que é possível viver uma vida completa e feliz de várias maneiras.

Ter um homem ao lado pode enriquecer uma jornada, mas não deve ser o fator determinante para a felicidade. O essencial é encontrar a própria fonte de alegria e bem-estar, baseada em quem você é e no que você deseja para si mesma, sem depender da presença ou da validação de um parceiro.

Será que preciso de homem? Antes, desenvolva autonomia emocional

Além disso, ao desenvolver a própria autonomia emocional, criamos a possibilidade de estabelecer relacionamentos mais saudáveis e equilibrados. A felicidade não vem de fora; ela é o reflexo de uma vida vivida de acordo com nossos próprios valores, paixões e desejos, sendo possível com ou sem um homem ao nosso lado.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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