Desde o momento em que descobri que seria mãe, um sentimento de inadequação me acompanhou. Ter uma pequena criança aos meus cuidados ampliou ainda mais essa sensação. A frase “eu sou uma péssima mãe” tornou-se um mantra silencioso na minha mente.
Os primeiros erros e os vazios criados
Eu sempre errei, seja por excesso ou por falta, tentando preencher vazios que eram meus, sem compreender verdadeiramente as necessidades da criança à minha frente. Esses erros geraram novos vazios que eu nem sabia que poderiam existir. A pressão para ser uma mãe perfeita muitas vezes me levou a tomar decisões que, em retrospectiva, percebo que não eram as melhores.
A transição para a adolescência
Quando minhas crianças chegaram à adolescência, os desafios se intensificaram. Um episódio marcante foi quando ouvi da boca de uma delas: “Você é uma péssima mãe, eu te odeio.” Essa frase dolorosa foi resultado de uma simples restrição ao uso do celular, algo que eu acreditava ser necessário para seu bem-estar.
Regras e rotina: um equilíbrio difícil de alcançar
Durante a infância delas, eu insisti em horários rígidos para dormir, acreditando que era o melhor para seu desenvolvimento. Contudo, muitas vezes, eu mesma me via dormindo tarde, incapaz de acompanhar sua rotina matinal devido ao cansaço acumulado. Este paradoxo entre querer o melhor e conseguir implementar esse “melhor” de forma eficaz é um dilema constante na maternidade.
A educação e a parceria que faltou
Se há algo de que me orgulho, é da educação que consegui proporcionar. No entanto, a sensação de não ter sido sua parceira em todos os momentos me assombra. Não estive presente em muitas das suas aventuras, mas sei que elas sempre tiveram boas amizades para preencher essas lacunas. Ver minhas filhas envolvidas em experiências enriquecedoras sempre me trouxe conforto, ainda que o desejo de vivenciar essas aventuras ao lado delas permanecesse.
A jornada para a independência
Hoje, vejo minhas filhas adultas, independentes e fortes. Esse é um testemunho do sucesso da educação e dos valores que procurei incutir nelas. Contudo, a frase “você é uma péssima mãe” continua a ecoar, lembrando-me dos momentos em que senti que falhei. O amor que sinto por elas é inabalável e, apesar de todas as dificuldades, a felicidade de tê-las em minha vida é imensa.
O amor incondicional e a esperança para o futuro
Sempre amei minhas filhas e sempre vou amar. Espero poder ser para os meus netos o que não consegui ser para elas. Cada dia como mãe trouxe lições valiosas e, embora muitas vezes me sinta uma mãe inadequada, a alegria de ser mãe supera qualquer sensação de fracasso. A verdadeira tragédia seria não ter vivido essa experiência, por mais desafiadora que tenha sido.
Sobre mim
Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Avaliação Psicológica, Terapia de EMDR e Brainspotting.
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