A lei da atração não é apenas um conceito místico perdido entre frases de autoajuda e promessas vazias. A princípio, pode até soar como algo distante da realidade científica, mas a verdade é que a psicologia e a epigenética têm demonstrado que nossos pensamentos têm o poder real de moldar nosso corpo, nosso comportamento e nossos resultados.
Em primeiro lugar, é preciso entender que aquilo que pensamos constantemente não fica restrito ao mundo das ideias. Segundo a epigenética, nossos pensamentos são capazes de ativar ou silenciar genes, modificando como nosso organismo responde ao ambiente. Isso significa que as histórias que repetimos para nós mesmos – mesmo aquelas que parecem inofensivas – podem alterar profundamente nossas vidas.
O que a neuropsicologia nos diz sobre o poder dos pensamentos?
Sob o ponto de vista neuropsicológico, pensamentos recorrentes criam trilhas neurais específicas no cérebro. Em outras palavras, quanto mais você pensa de determinada forma, mais automático esse padrão se torna. Se você vive repetindo mentalmente que “não é bom o suficiente”, essa ideia vira um tipo de atalho neural – e o cérebro passa a operar como se isso fosse uma verdade absoluta.
Ainda mais, o cérebro é altamente plástico. Ou seja, ele pode mudar sua estrutura com base naquilo que pensamos, sentimos e vivemos. Devido a isso, a lei da atração não deve ser vista como algo mágico, mas como uma resposta natural do corpo àquilo que você acredita profundamente.
A teoria da autoafirmação pode explicar a lei da atração?
Sim, e de forma bastante convincente. A teoria da autoafirmação, estudada dentro da psicologia social, revela que as afirmações que fazemos a nós mesmos reforçam nossas crenças identitárias. Isso quer dizer que, ao repetir “sou confiante”, “tenho valor”, “mereço coisas boas”, seu cérebro começa a buscar evidências para validar essas crenças – assim como acontece com o contrário.
Assim também, o comportamento muda. Você passa a agir como alguém que merece, que acredita em si, que se permite tentar. E aí entra o movimento da vida em resposta: novas oportunidades surgem porque você começou a enxergá-las, e não porque elas apareceram do nada.
Contextos traumáticos podem impedir que a lei da atração funcione?
Analogamente, traumas emocionais armazenados no corpo e na mente funcionam como bloqueios energéticos. Mesmo que alguém repita mantras positivos diariamente, se sua estrutura interna estiver presa a crenças limitantes profundas – muitas vezes inconscientes – a ação será sabotada desde o início. Em outras palavras, não basta desejar algo com força se, lá, no fundo, você acredita que não merece ou que nunca vai conseguir.
Por isso, é essencial olhar para as verdades internas que você tem repetido desde a infância. Elas foram formadas em momentos de dor, medo ou rejeição? Foram herdadas da sua família ou da sua cultura? Porque são essas verdades que definem o seu campo de atração, muito mais do que as palavras ditas da boca para fora.
Como isso é trabalhado na terapia cognitivo-comportamental?
Na TCC, identificamos pensamentos automáticos e crenças disfuncionais que sustentam comportamentos sabotadores. Ao reformular essas ideias com base em evidências reais, o paciente passa a reconstruir sua narrativa interna. Como resultado, ele passa a se comportar de forma diferente, atraindo também resultados diferentes.
Além disso, a TCC reconhece o papel central das emoções e pensamentos na construção da realidade percebida. Isso significa que, ao mudar o que você pensa sobre si mesmo e sobre o mundo, muda-se também a forma como você interpreta e reage às situações da vida.
Como a terapia pode ajudar a transformar o campo de atração?
A terapia é o caminho para sair da condição de refém das histórias que você ouviu – ou contou – por toda a vida. Seja como for, ao entender as raízes de suas crenças e aprender a ressignificá-las, você cria um novo campo energético e comportamental. E é exatamente isso que a lei da atração descreve: uma mudança de dentro para fora.
Sobretudo, é importante dizer que não se trata de positividade tóxica. Não é sobre ignorar a dor, mas sim sobre transitar por ela com consciência. Ao fazer isso, você se reconecta com sua potência, com a versão de si que pode criar uma realidade mais alinhada com seus desejos verdadeiros.
Qual a maior lição que a vida pode nos ensinar sobre a lei da atração?
Definitivamente, a maior lição é que a vida responde àquilo que você acredita sobre si. Isso não quer dizer que basta desejar para conquistar, mas que toda conquista começa com uma convicção interna. Quando essa convicção está enraizada em crenças fortalecedoras, os passos ficam mais firmes, as escolhas mais conscientes, e os resultados, mais coerentes com quem você é de verdade.
Analogamente, a neurociência tem mostrado que o cérebro humano reage não apenas ao que é real, mas também ao que é imaginado com intensidade. Estudos com neuroimagem revelam que visualizar metas com clareza ativa regiões cerebrais semelhantes às que são ativadas quando a pessoa executa realmente a ação. Portanto, ao mentalizar algo com emoção e repetição, seu cérebro começa a se preparar para que aquilo se torne possível.
Concluindo,
Por fim, vale mencionar o potencial da terapia cognitivo-comportamental quando combinada com abordagens como o EMDR e o Brainspotting. Essas técnicas avançadas ajudam a acessar memórias profundas, ressignificar experiências e liberar bloqueios emocionais que impedem o fluxo natural da energia de realização. Consequentemente, esse tipo de abordagem acelera o processo de cura interna e potencializa a transformação pessoal.
Se este texto ressoou com algo dentro de você, talvez seja hora de se perguntar: o que você tem contado para o seu cérebro sobre quem você é e o que você merece? A lei da atração está o tempo todo em movimento. O que você escolhe alimentar hoje vai definir o que você vai colher amanhã.
Sou Betila Lima – Psicóloga
Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.
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