Carência: Como Ela Afeta Nossas Emoções e Decisões?

Carência: Como Ela Afeta Nossas Emoções e Decisões?

“Eu fiz coisas muito estranhas no lugar da carência. Isso não é legal.” Essa é uma frase que já ouvi no consultório terapêutico.

A carência emocional pode levar a decisões impulsivas e a busca desesperada por conexões. O que, muitas vezes, resultam em frustrações e sofrimento.

Mas o que a neuropsicologia nos ensina sobre esse sentimento? Em quais momentos ele aparece? E, principalmente, como a terapia pode ajudar a compreender e tratar essas sensações?

Carência: Como Ela Afeta Nossas Emoções e Decisões?

O que a neuropsicologia nos ensina sobre a carência?

A carência emocional está diretamente ligada ao funcionamento do cérebro. Ou seja, o sistema límbico, especialmente a amígdala e o hipocampo, desempenha um papel essencial na regulação das emoções. Portanto, quando uma pessoa se sente carente, há um aumento da atividade na amígdala, área responsável por processar emoções como medo e insegurança.

Além disso, a carência está relacionada à liberação reduzida de dopamina e oxitocina, neurotransmissores que promovem bem-estar e conexão. Isso explica por que pessoas emocionalmente carentes podem buscar validação externa de maneira intensa. Dessa forma, tentando preencher um vazio interno com relacionamentos ou comportamentos impulsivos.

Em quais momentos a carência aparece?

A carência pode surgir em diferentes momentos da vida, ou seja, sendo intensificada por situações específicas. Portanto, alguns dos gatilhos mais comuns incluem:

  • Términos de relacionamentos: O rompimento de um vínculo afetivo pode desencadear um sentimento profundo de vazio.
  • Falta de reconhecimento: No trabalho ou na vida pessoal, a ausência de valorização pode ativar sentimentos de carência.
  • Isolamento social: Momentos de solidão prolongada podem aumentar a necessidade de conexão emocional.
  • Traumas emocionais: Experiências negativas do passado podem intensificar a sensação de desamparo e falta de afeto.

Estamos mais vulneráveis quando estamos carentes?

Sim, a carência torna as pessoas emocionalmente mais vulneráveis. Estudos em neurociência indicam que, quando estamos carentes, o córtex pré-frontal – região responsável pelo controle racional e tomada de decisões – pode ter sua atividade reduzida. Ou seja, significa que as escolhas feitas sob influência da carência tendem a ser impulsivas e menos racionais.

Essa vulnerabilidade pode levar a comportamentos prejudiciais, como aceitar relações tóxicas, se submeter a dinâmicas abusivas ou até mesmo buscar alívio imediato em vícios. Portanto, o cérebro, em busca de prazer instantâneo, pode nos empurrar para caminhos que apenas mascaram o problema, sem realmente resolvê-lo.

Sentir saudade de relacionamentos tóxicos é carência? A perspectiva neuropsicológica

A saudade de um relacionamento tóxico não significa necessariamente que ele foi positivo. Do ponto de vista neuropsicológico, esse sentimento pode estar ligado à dependência emocional. Durante uma relação tóxica, o cérebro pode se acostumar com um ciclo de reforço intermitente – momentos de carinho seguidos por abuso emocional. Esse padrão ativa o sistema de recompensa, criando uma espécie de “vício” na relação.

Quando a relação termina, a ausência desse ciclo pode ser interpretada pelo cérebro como uma “falta”, levando a sentimentos de carência e saudade. No entanto, essa saudade não reflete um desejo real de felicidade, mas sim uma reação química e emocional do organismo.

Saudade de uma relação traumática ou carência?

Muitas pessoas confundem a saudade de uma relação traumática com carência emocional. A principal diferença entre os dois sentimentos está na forma como o cérebro responde.

  • Saudade genuína: Envolve lembranças positivas e uma sensação de bem-estar ao recordar a relação.
  • Carência emocional: Gera uma necessidade de resgatar a conexão, mesmo que a relação tenha sido negativa, como uma tentativa de aliviar o vazio interno.

A neuropsicologia explica que memórias traumáticas podem ser reativadas em momentos de solidão, fazendo com que a pessoa sinta falta da relação, mesmo sabendo que foi prejudicial.

Como a terapia ajuda a investigar e tratar essas sensações?

A terapia desempenha um papel fundamental na compreensão e no tratamento da carência emocional. Diferentes abordagens podem ser eficazes nesse processo:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a identificar padrões de pensamento disfuncionais e a modificar crenças negativas sobre si mesmo e sobre os relacionamentos.
  • EMDR e Brainspotting: Essas técnicas trabalham na reprocessamento de memórias traumáticas, permitindo que a pessoa ressignifique suas experiências passadas e reduza o impacto emocional da carência.
  • Autoconhecimento e autoestima: A terapia auxilia no fortalecimento da autoimagem e no desenvolvimento de estratégias para suprir a necessidade de afeto de maneira saudável.

A carência pode se tornar um problema

A carência emocional é uma experiência comum, mas pode se tornar um problema quando influencia negativamente as decisões e a qualidade de vida. A neuropsicologia nos mostra que a carência está relacionada a processos cerebrais específicos, que podem nos tornar vulneráveis a escolhas impulsivas e até a saudade de relações prejudiciais.

Felizmente, a terapia oferece recursos para investigar a origem desses sentimentos e tratá-los de forma eficaz. Com a combinação de abordagens como TCC, EMDR e Brainspotting, é possível fortalecer a autoestima, desenvolver relações saudáveis e evitar que a carência se transforme em um ciclo de sofrimento emocional.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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