A síndrome da impostora que habita em mim: como lidar com a sensação de não ser suficiente?

A síndrome da impostora que habita em mim: como lidar com a sensação de não ser suficiente?

Será que, com 10 milhões de novos certificados, você finalmente se sentirá confiante no trabalho? Será que, mesmo depois de tantos anos de atuação, o medo de ser descoberta como uma “farsa” vai desaparecer? E se, por algum deslize, as pessoas perceberem que você não é o “mulherão da porra” que dizem que você é?

A síndrome da impostora é um sentimento que atinge muitos, especialmente aqueles que se destacam ou estão em posições de alta responsabilidade. A sensação de inadequação persiste, mesmo diante de conquistas evidentes. E, quando expostos às críticas ou ao olhar alheio, esses pensamentos podem se intensificar.

Mais difícil ainda é se sentir suficiente quando a rotina é pesada: crianças para levar à escola, tarefas de casa acumuladas, clientes esperando atenção, estudos inacabados e até a vida social que exige manutenção. Descansar, mesmo sendo necessário, vira um peso maior e um espaço onde a mente crítica encontra brechas para sussurrar: “você não é suficiente”.

O impacto da síndrome da impostora na saúde mental

O impacto psicológico da síndrome da impostora vai além da insegurança. Estudos mostram que ela está associada à ansiedade, ao burnout e até à depressão. O sentimento constante de que nunca se é bom o bastante leva à exaustão emocional, além de prejudicar o desempenho profissional e a qualidade das relações pessoais.

A sensação de ser uma fraude também amplifica a autocrítica e perpetua a ideia de que conquistas são frutos de sorte, não de competência. Isso gera um ciclo perigoso! Portanto, quanto mais a pessoa se esforça para se provar, mais reforça a crença de que precisa fazer ainda mais para ser validada.

O que a neuropsicologia nos revela sobre a síndrome da impostora?

Do ponto de vista da neuropsicologia, esses pensamentos de autossabotagem têm raízes em estruturas cerebrais relacionadas ao medo e à autodefesa, como a amígdala. Quando a pessoa enfrenta situações de pressão ou exposição, o cérebro ativa padrões de alerta semelhantes aos que surgem em contextos de perigo real, como se estivesse diante de uma ameaça à sobrevivência social.

Essa resposta é influenciada por experiências passadas. Comentários negativos, ambientes de alta cobrança e até traumas de infância podem moldar a percepção de si mesma. Ou seja, reforçando a ideia de que é preciso ser “perfeita” para ser aceita.

Como a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar?

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para tratar a síndrome da impostora. Ela ajuda a pessoa a identificar e reestruturar os pensamentos distorcidos que alimentam a sensação de ser uma fraude. Por meio de técnicas práticas, é possível reconhecer padrões negativos e substituí-los por crenças mais realistas e fortalecedoras.

Por exemplo, se o pensamento recorrente for “eu só consegui esse projeto porque tive sorte”, a TCC desafia essa crença ao explorar evidências concretas de competência. Aos poucos, a pessoa aprende a se ancorar em fatos e a desacreditar das distorções que limitam sua autoconfiança.

Traumas e a síndrome da impostora: existe uma conexão?

Contextos traumáticos podem amplificar a síndrome da impostora. Experiências negativas no passado, como críticas severas, ambientes de trabalho tóxicos ou relacionamentos abusivos, podem reativar traumas antigos, intensificando sentimentos de inadequação.

Por isso, é comum que, em momentos de grande exposição ou pressão, esses traumas voltem à superfície. Afinal, a mente guarda memórias emocionais que podem ser acionadas em situações semelhantes às vivenciadas anteriormente.

Terapias integradas: Brainspotting, EMDR e TCC como aliados

Além da TCC, abordagens como o EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) e o Brainspotting têm mostrado excelentes resultados no tratamento da síndrome da impostora.

O EMDR atua diretamente sobre memórias traumáticas, ajudando o cérebro a processá-las de forma saudável, ou seja, sem o peso emocional que as torna tão presentes. Por outro lado, o Brainspotting permite acessar e liberar traumas armazenados em níveis profundos do sistema nervoso.

Quando combinadas, essas abordagens promovem um profundo autoconhecimento e permitem que a pessoa não apenas entenda a origem de suas inseguranças, mas também consiga superá-las. Sendo assim, essa combinação fortalece o equilíbrio emocional e reduz significativamente os impactos da síndrome da impostora no dia a dia.

A maior lição sobre a síndrome da impostora

A vida ensina que não há mal em não se sentir suficiente de vez em quando. O erro está em aceitar passivamente que esses pensamentos definam quem você é. Assim como na história relatada no início, admitir que a síndrome da impostora está presente é um ato de coragem, mas lutar contra ela é um gesto de amor próprio.

Dizer “não sou uma farsa” e acreditar nisso requer trabalho interno. É preciso desfazer as amarras construídas por palavras alheias e internas. Dessa forma, ressignificando experiências e emoções que nos moldaram ao longo do tempo.

Por fim, como em um barco onde todos remam juntos, é possível perceber que a sensação de inadequação é mais comum do que se imagina. Porém, ao buscar ajuda e investir em autoconhecimento, torna-se viável viver de forma mais leve e livre das limitações impostas por essa voz crítica. Afinal, a verdade que nos rodeia é que somos mais do que suficientes.

Seja para você ou para quem está ao seu redor, nunca subestime o poder de buscar apoio e lembrar, em voz alta: você não é uma farsa.

Sou Betila Lima – Psicóloga

Formada em Psicologia desde 2007, com formação em Neuropsicologia, Terapia Cognitiva Comportamental, Terapia de EMDR e Brainspotting.

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